Blog da Luziane Mendes

Tornando o dia a dia do cuidador de idoso mais leve e assertivo

Perguntar se o idoso com Alzheimer se lembra de alguém: Ajuda ou Prejudica?

No nosso blog de hoje, vamos tocar em um ponto sensível, mas super importante para quem cuida de idosos, especialmente aqueles com Alzheimer ou outras demências: a famosa pergunta “Você se lembra de mim?”.


Perguntar se o idoso com Alzheimer se lembra de alguém: Ajuda ou Prejudica?

É natural e até um reflexo nosso querer que a pessoa amada nos reconheça. Mas quando estamos falando de um idoso com Alzheimer ou outra demência, insistir na pergunta “Você se lembra de mim?” ou “Sabe quem eu sou?” pode causar mais dor do que acolhimento. A memória é a primeira função a ser afetada, e essa pergunta pode gerar frustração, ansiedade e tristeza no idoso.


Por que evitar “Você se lembra de mim?” com idosos com demência?

Imagine a situação: você tem uma dificuldade, e alguém insiste em te lembrar dela o tempo todo. É desconfortável, certo? Para quem tem demência, a memória é como uma peneira, e muitas informações se perdem. Ao perguntar se ele se lembra, você:

  • Pode gerar angústia: O idoso pode se sentir envergonhado ou triste por não conseguir responder.
  • Aumenta a confusão: Tentar “pescar” uma memória que não existe mais pode ser estressante para o cérebro já comprometido.
  • Cria uma barreira: Em vez de uma interação amorosa, a visita se transforma em um “teste” de memória.
  • Não agrega valor: A resposta, na maioria das vezes, será negativa ou evasiva, sem trazer benefício para a interação.
  • Isso não ajuda a estimular a memória: Ao contrário do que muitos pensam, o desconforto gerado no idoso é tão grande que sua memória não se estimula com este tipo de atitude, mas pode aumentar a confusão.

Como se conectar com o idoso com Alzheimer sem cobrar a memória?

O objetivo principal é promover o bem-estar e a conexão, mesmo que a memória seja falha. Aqui estão algumas dicas práticas:

  • Apresente-se sempre, com carinho: Em vez de perguntar, diga: “Oi, vovó! Sou eu, sua neta Ana. Que bom te ver!”. Use o seu nome e o parentesco. Isso o ajuda a se localizar e a sentir segurança.
  • Foque no presente: Converse sobre o momento atual. “Que lindo dia, né?”, “Essa música é tão boa!”, “Você gostou do almoço?”.
  • Use fotos e objetos que remetam a boas lembranças: Em vez de perguntar “Você lembra dessa foto?”, diga “Olha que foto legal da gente na praia! Como foi bom aquele dia!”. Compartilhe a lembrança com ele.
  • Compartilhe histórias curtas e alegres: Conte um acontecimento recente e engraçado da família. Não precisa ser algo que exija que ele se lembre de detalhes, mas sim algo que gere um sorriso ou um sentimento bom.
  • Invista na comunicação não verbal: Um abraço, um aperto de mão, um sorriso, um toque suave no braço. O afeto é compreendido independentemente do estágio da demência.
  • Use os sentidos: Música, cheiros familiares (como de um bolo assando), texturas suaves. Isso pode evocar emoções positivas, mesmo que a memória do evento específico não esteja presente.
  • Valide os sentimentos: Se ele expressar tristeza ou confusão, acolha. “Eu sei que às vezes é difícil, mas estou aqui com você.”
  • Seja paciente: A paciência é a sua maior aliada. Cada interação é uma oportunidade de criar um momento positivo, mesmo que breve.

Diferenciando a abordagem: Idosos Lúcidos vs. Idosos com Demência

É fundamental entender que a forma de se comunicar muda bastante dependendo do estado cognitivo do idoso.

  • Idosos Lúcidos: Com um idoso lúcido, que não tem demência, você pode e deve conversar abertamente sobre memórias, perguntar sobre o passado, reviver momentos. Essa é uma forma rica de manter a mente ativa e fortalecer os laços familiares. Perguntar “Você se lembra de quando…” é totalmente válido e até incentivado!
  • Idosos com Demência: Já com idosos que vivem com Alzheimer ou outra demência, a abordagem precisa ser diferente. O foco não é testar a memória, mas sim proporcionar conforto, segurança e bem-estar no momento presente. A meta é evitar a frustração e criar um ambiente acolhedor, onde o amor e o carinho sejam percebidos, independentemente do reconhecimento verbal.

Lembre-se, o amor e o carinho são as linguagens mais universais. Com idosos com demência, eles se tornam ainda mais importantes para construir uma conexão verdadeira e significativa.

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