Blog da Luziane Mendes

Tornando o dia a dia do cuidador de idoso mais leve e assertivo

Acusação de Furto e Alzheimer: Como Agir? Informações Essenciais e Apoio

Se você cuida de um idoso com Alzheimer ou outras demências, provavelmente já enfrentou ou vai enfrentar situações difíceis e inesperadas. Uma das mais delicadas e dolorosas é quando ele te acusa de algo que você não fez, como roubar dinheiro ou objetos. Isso machuca, frustra e pode gerar conflitos enormes na família.

Mas, antes de mais nada, respire fundo! É essencial entender que esse comportamento, especialmente em casos de demência, não é proposital ou um ataque pessoal consciente, infelizmente é a doença agindo.

Neste post, vamos explorar como lidar com essas acusações. Nosso objetivo é te dar ferramentas práticas para enfrentar esse desafio com mais tranquilidade.

Quando e por que a acusação de roubo acontece na demência

No caso da demência, especialmente no Alzheimer, as acusações de roubo são, muitas vezes, um dos primeiros sintomas da doença. Há idosos que manifestam este sintoma na fase intermediária e há os que não apresentam.

Com a progressão da demência, a memória recente e a capacidade de reconhecer objetos e locais ficam comprometidas. O idoso pode:

  1. Esquecer onde guardou objetos: Ele guarda dinheiro, cartões ou pertences em lugares inusitados (gaveta de roupa suja, congelador, etc.) e depois simplesmente não lembra onde colocou.
  1. Não reconhecer o objeto: Pode olhar para um pertence e não identificar o que é ou para que serve no momento e por isso o deixa em qualquer lugar
  1. Criar uma “realidade” para explicar a falta: Como ele não encontra o objeto e não lembra onde o pôs, a mente, buscando uma explicação (mesmo que irracional para nós), pode concluir que alguém o pegou. E essa acusação geralmente cai sobre as pessoas mais próximas, que estão no dia a dia dele.

O que NÃO Fazer (e Por Quê Não Funciona)

Quando um idoso com demência te acusa de roubo, evite essas ações:

  • Argumentar ou tentar trazer para a “sua” realidade: Dizer “Foi você que guardou!”, “Você não lembra?”, “Ninguém roubou nada!”. 

Para ele, a realidade que ele está vivendo (a de que o objeto sumiu e alguém pegou) é a verdade. Tentar argumentar ou corrigir só aumenta a agitação, a ansiedade e o estresse. Ele não tem a capacidade de raciocínio para entender sua lógica.

  • Insistir que ele se lembre: Ficar perguntando “Não lembra que guardou?”, “Eu já te falei!”. Isso o constrange, o irrita e mostra a todo momento que a memória dele não funciona, o que ele já sabe de alguma forma, mas não consegue lidar.
  • Ficar ofendido e levar para o lado pessoal: Eu sei que é difícil, mas essa acusação é um sintoma da doença, não um ataque pessoal consciente. Sentir-se atacado só vai dificultar sua capacidade de reagir de forma sábia e terapêutica.

O que fazer? 

Aqui estão algumas dicas práticas para lidar com essa situação na demência:

  • Valide a emoção, não o fato: Reconheça que ele está sentindo medo, preocupação ou raiva por não encontrar o objeto. Diga algo como “Percebo que você está preocupado(a) com [o objeto]”, “Parece que você está chateado(a) por não encontrar isso”.
  • Entre na realidade dele (Mentira Terapêutica): Essa técnica, muito útil na demência, significa validar o sentimento e responder de uma forma que traga calma, mesmo que não seja a verdade. Você pode dizer: “Me desculpe, foi eu que peguei e não lembro onde guardei, mas já vou procurar.” “Puxa, fulano pediu emprestado e eu emprestei, me desculpe, vou falar com ele pra trazer aqui daqui a pouco”. “Vamos procurar, às vezes a gente encontra em algum lugar”. 
  • Ajude a procurar (e se prepare para encontrar em locais estranhos): Ofereça-se para procurar o objeto junto com ele. Esteja preparado para encontrá-lo em lugares totalmente fora do comum (gavetas de cozinha, armários de banheiro, etc.).
  • Mude o foco/Distraia: Enquanto estiver procurando mude o foco de atenção para outra atividade ou assunto. Sugira fazer algo que ele goste, ouvir uma música antiga.
  • Mantenha a calma: Sua calma é fundamental para não aumentar a agitação dele. Fale em tom suave e tranquilo.
  • Prepare-se para a Repetição: Ele provavelmente esquecerá que acusou, que você respondeu e que procuraram juntos e voltará na mesma fala várias vezes. Esteja pronto para aplicar a mesma estratégia novamente quantas vezes for necessário. Não é teimosia, é falta de retenção da informação.

Cuidando de Quem Cuida é Essencial!

Lidar com acusações, mesmo entendendo que são sintomas na demência, é exaustivo e emocionalmente desgastante. Você não está sozinho nessa. Buscar informação é o primeiro passo, e você já está fazendo isso! Lembre-se de cuidar de si mesmo, pedir ajuda quando precisar e conversar com outras pessoas que vivenciam desafios semelhantes.

O conhecimento e a aplicação dessas estratégias fazem uma enorme diferença para você e para o idoso que você ama e cuida.

Se precisar de mais dicas ou quiser aprofundar em outro tema, é só perguntar!

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