Olá, Cuidadores e Cuidadoras! Que bom encontrar vocês por aqui! 😊
Nossa jornada de cuidado com os idosos, sejam eles pais, avós, tios, ou até mesmo nossos pacientes, é cheia de desafios e aprendizados, não é? Um dos assuntos que mais gera dúvidas e, confesso, até um certo medo, é a demência. Muita gente ouve a palavra e já pensa logo em Alzheimer, ou pior, pensa que “esquecer” é “normal da idade” e isso não é verdade!
Entender o que é a demência e, mais importante, saber que ela pode se manifestar de formas diferentes dependendo da doença que a causa, é um passo enorme para um cuidado mais leve e eficaz. Afinal, nem toda demência é Alzheimer, embora o Alzheimer seja o tipo mais comum.
Para desmistificar esse tema e te ajudar a identificar os sinais iniciais dos principais tipos de demência, preparei este post, baseado nas informações valiosas que temos à disposição. Vamos juntos nessa?
Demência: Mais que Esquecimento
Primeiro, é crucial reforçar: a demência não é uma doença em si, mas um sintoma. Pense na dor de cabeça: ela não é a doença, pode ser sintoma de enxaqueca, de sinusite, dengue e etc. A demência é a mesma coisa: um sintoma que aparece em diversas doenças que afetam o cérebro. A palavra “demência” vem do latim e significa “privação da mente”.
E, por favor, tirem da cabeça a ideia de “demência senil” ou de que “esquecer é normal da idade”. Se fosse normal, todo idoso teria demência, e sabemos que muitos idosos chegam aos 90 e poucos anos completamente lúcidos e funcionais. O esquecimento, a confusão, as mudanças de comportamento… tudo isso são sinais que precisam ser investigados por um médico.
Por Que Saber o Tipo de Demência?
Saber o tipo exato de demência (se é Alzheimer, demência vascular, etc.) faz toda a diferença. Isso porque o tratamento medicamentoso e as estratégias de cuidado podem ser diferentes para cada tipo. É por isso que o diagnóstico médico é tão importante.
O diagnóstico é feito por um médico especialista (geriatra, neurologista ou psicogeriatra) através de exames clínicos (testes no consultório) e associado a exames de imagem e laboratoriais, que são complementares.
Conhecendo os Principais Tipos de Demência e Seus Sinais Iniciais
Vamos agora entender um pouco sobre os tipos mais comuns de demência e como eles podem começar:
1. Demência por Doença de Alzheimer (DA)
Este é o tipo mais conhecido e frequente. Os sintomas que aparecem primeiro são mais relacionados à memória.
- Sinais Iniciais Comuns:
◦ Perda de memória recente: Dificuldade em lembrar informações novas ou eventos que acabaram de acontecer. É comum repetir a mesma pergunta várias vezes ou contar a mesma história.
◦ Dificuldade para planejar ou resolver problemas: Tarefas que antes eram fáceis ficam complicadas.
◦ Desorientação no tempo e espaço: Esquecer o dia, a data, a estação do ano ou não reconhecer onde estão.
◦ Dificuldade com tarefas do dia a dia: Coisas simples como cozinhar uma receita conhecida ou chegar a um lugar familiar se tornam difíceis.
◦ Problemas de linguagem: Dificuldade em encontrar as palavras certas ou entender uma conversa.
É fundamental entender que, nas demências como a DA, a repetição não é proposital ou teimosia consciente. A pessoa realmente não lembra que já perguntou ou que você já respondeu, porque a memória imediata e recente está comprometida.
2. Demência Vascular (DV)
Geralmente, este tipo de demência ocorre após um Acidente Vascular Cerebral (AVC). No entanto, é importante saber que nem todo AVC causa demência e nem sempre a pessoa que teve um grande AVC vai desenvolver DV; muitas vezes pequenos AVC’s que passam despercebidos também podem levar à demência vascular ao longo do tempo.
- Sinais Iniciais Comuns:
◦ Alterações de memória: Diferente do Alzheimer, as dificuldades de memória na demência vascular podem se manifestar de outra forma.
◦ Déficit de atenção: Dificuldade em se concentrar por muito tempo.
◦ Perda da capacidade de realizar atividades diárias: Coisas que eram fáceis passam a ser difíceis.
◦ Sintomas depressivos, apatia ou alucinações.
O que diferencia a demência vascular é que essas alterações tendem a aparecer ou piorar após um evento vascular (o AVC).
3. Demência Frontotemporal (DFT)
Como o nome sugere, esta demência afeta as áreas frontal e temporal do cérebro. Os sintomas iniciais costumam ser bem diferentes do Alzheimer.
- Sinais Iniciais Comuns:
◦ Mudanças no comportamento e personalidade: Desinibição, comportamento sexual alterado, falas ou gestos inapropriados em público.
◦ Perda da empatia: A pessoa não entende mais o que é certo ou errado, o que pode e o que não pode. É como se o “filtro social” do cérebro estivesse danificado. Eles podem parecer rudes ou agressivos, mas sem a intenção de machucar.
◦ Apatia: falta de interesse pelas coisas.
◦ Comportamentos compulsivos ou repetitivos: Fazer a mesma coisa várias vezes.
◦ Afasia: Dificuldade na fala, em conseguir expressar o que pensa ou sente.
◦ Hiperoralidade: Mudanças no paladar, começando a gostar de alimentos que antes rejeitava ou vice versa.
A DFT tem um fator genético mais significativo em comparação com outras demências.
4. Demência por Corpos de Lewy
Neste tipo, a perda de memória não é o primeiro sintoma. A memória pode estar preservada inicialmente.
- Sinais Iniciais Comuns:
◦ Déficit de atenção e perda da capacidade de fazer tarefas com a facilidade de antes. A própria pessoa e a família percebem essa dificuldade.
◦ Sintomas de Parkinsonismo: Tremores, rigidez e lentidão nos movimentos.
◦ Alucinações visuais ou auditivas: A pessoa vê ou escuta coisas (bichos, pessoas, barulhos) que não estão lá. Neste caso, tentar trazer a pessoa para a “realidade” pode gerar insegurança; o ideal é validar o sentimento e resolver o problema dentro da realidade dela.
◦ Distúrbios do sono: Sono agitado, com muitos movimentos e falas durante a noite.
◦ Sintomas flutuantes: Os sintomas variam em intensidade, havendo momentos de piora e momentos de melhora.
O cuidado diário é a diferença crucial
As dificuldades no comportamento são sintomas da doença, por isso a comunicação deve ser calma, clara, simples e direta, com frases curtas. Não adianta argumentar, usar lógica ou testar a memória. É fundamental usar estratégias não farmacológicas como distração, validar a emoção (não a razão), estabelecer uma rotina clara e previsível, e, em alguns casos, a “mentira terapêutica” (como em perguntas sobre entes falecidos). Paciência é essencial.
Lembre-se que você, cuidador (seja familiar ou profissional), não precisa enfrentar isso sozinho. Buscar conhecimento é a primeira forma de cuidar. Consulte a equipe de saúde, busque apoio, e lembre-se de que o autocuidado também é fundamental para o cuidador.
Esperamos que este post tenha clareado um pouco mais sobre os diferentes rostos da demência e como identificar seus primeiros sinais. Reconhecer esses sintomas precocemente e buscar ajuda profissional é vital para um tratamento adequado e uma melhor qualidade de vida para todos os envolvidos.
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Até a próxima! 😊