Sabemos que a jornada de cuidar de um idoso pode ser cheia de desafios, especialmente quando a demência entra em cena. Um dos pontos que mais gera preocupação e até um certo estresse é quando o idoso com Alzheimer ou outra demência vive pedindo comida o tempo todo, mesmo que tenha acabado de se alimentar. Calma, você não está sozinho nessa!
Se você está lidando com um idoso que tem Alzheimer ou outra demência e parece ter um “fundo sem fim” para comida, saiba que essa é uma situação comum. Ao contrário de um idoso lúcido que pode simplesmente ter mais apetite, no caso da demência, o esquecimento é o grande vilão. A memória de curto prazo é afetada, e a pessoa realmente não se lembra de ter comido. Isso gera uma sensação de fome constante e, claro, um pedido incessante por comida.
Por que meu familiar com Alzheimer pede comida sem parar?
É importante entender que não é “birra” ou de propósito para te irritar. A pessoa com demência está genuinamente sentindo que não comeu, porque a parte do cérebro responsável por registrar essa informação não está funcionando corretamente. Pense assim: é como se cada refeição fosse a primeira do dia para eles.
Dicas práticas para lidar com o apetite constante em idosos com demência
Lidar com essa situação exige paciência, criatividade e algumas estratégias. Aqui vão algumas dicas que podem te ajudar:

- Ofereça pequenas refeições mais vezes ao dia: Em vez das três grandes refeições, tente dividir a comida em 5 ou 6 porções menores. Isso pode ajudar a manter a saciedade por mais tempo e diminuir a frequência dos pedidos.
- Retire os alimentos da mesa: Sirva a refeição e não deixe os alimentos à vista do idoso, pois ele sempre vai achar que não comeu e insistirá em pedir, uma vez que ele está vendo que tem.
- Divida a refeição: Coloque uma quantidade menor no prato dele e permita que ele repita mais vezes.
- Priorize alimentos saudáveis e nutritivos: Quando ele pedir comida, e já tiver feito a refeição, ofereça opções leves e nutritivas. Pense em frutas, biscoitinhos leves, iogurtes naturais ou até mesmo um copo de água. Evite doces e alimentos industrializados em excesso.
- Crie uma rotina alimentar visível: Se possível, tente criar um quadro ou lista de refeições do dia. Às vezes, ver a refeição riscada pode ajudar, mesmo que por um breve momento, a associar que já comeu.
- Distraia com atividades: Quando o pedido por comida surgir, tente desviar a atenção. Proponha uma caminhada leve, assistam TV juntos, ouça uma música, joguem um jogo de tabuleiro. A distração pode ser uma ferramenta poderosa.
- Sirva a refeição em pratos menores: Visualmente, um prato menor com a mesma quantidade de comida pode parecer mais cheio, dando a sensação de uma refeição maior.
- Mantenha a hidratação em dia: Muitas vezes, a sede pode ser confundida com fome. Ofereça água regularmente ao longo do dia.
- Consulte a equipe de saúde: Se os pedidos por comida são muito frequentes e estão gerando preocupação, converse com o médico, nutricionista ou outro profissional de saúde que acompanha o idoso. Eles podem investigar se há alguma outra causa para essa fome excessiva e ajustar a dieta, se necessário.
- Explique com carinho e simplicidade: Evite discussões. Uma frase simples como “Você acabou de comer, que tal daqui a pouco tomarmos um suco?” pode ser mais eficaz do que tentar fazê-lo entender que ele realmente comeu.
Diferenciando o apetite: Idosos Lúcidos vs. Idosos com Demência
É crucial que você, cuidador, saiba diferenciar as situações para agir da melhor forma.
- Idosos Lúcidos: Um idoso que não possui demência pode ter um aumento de apetite por diversos motivos: talvez esteja mais ativo, recuperando-se de algo, ou até mesmo tenha mudado o paladar. Nessas situações, vale a pena investigar a causa e ajustar a alimentação de forma saudável, sempre incentivando hábitos equilibrados. A conversa e a comunicação são a chave aqui.
- Idosos com Demência: Já nos casos de Alzheimer e outras demências, o aumento do pedido por comida está diretamente ligado à falha de memória. Eles não se lembram de terem comido e, por isso, sentem a necessidade de se alimentar novamente. Aqui, as estratégias são mais voltadas para o manejo do comportamento e a adaptação do ambiente e da rotina, como as dicas que demos acima.
Cuidar de alguém com demência é um ato de amor e resiliência. Lembre-se de que você não precisa fazer isso sozinho! Conte com a sua equipe de saúde e busque apoio sempre que precisar.